ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 06.08.1996.
Aos seis dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e cinco minutos constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao artista plástico Jader Osório Siqueira, nos termos do Requerimento nº126/96 (Processo nº2245/96) de autoria da Vereadora Letícia Arruda. Compuseram a MESA: Vereador Isaac Ainhorn, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Senhor Jader Osório Siqueira, Homenageado, a Senhora Margarete Moraes, Secretária Municipal de Cultura, representando, no ato, o Senhor Prefeito Municipal, a Senhora Antonieta Barone, Presidente do Centro Franco Brasileiro aliança Francesa e a Vereadora Letícia Arruda. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Logo após, o Senhorr. Presidente saudou o Homenageado, falando da importância de sua obra e fazendo referência às dificuldades orçamentárias que o setor de cultura enfrenta no nosso País. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Letícia Arruda, proponente da homenagem, que saudou o Homenageado, salientando seu talento e a diversificação de suas obras como uma grande contribuição às artes plásticas no Rio Grande do Sul. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou as manifestações recebidas por esta Casa do Senhor Prefeito Municipal de Pelotas Irajá Andara Rodrigues e também do Vice-Prefeito Michel Halal, felicitando o Homenageado. Também registrou as presenças do jornalista Roberto Gigante, do Senhor Renato Rosa, do Senhor Adalberto Pernambuco, representante do Conselho Estadual de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros, da Senhora Beth Magalhães, representante do Lar Santo Antônio dos Excepcionais e dos familiares do homenageado, suas irmãs Seid Siqueira, Sohá Osório Siqueira, seu cunhado Hugo Teixeira Pino e seus sobrinhos. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao homenageado que agradeceu por esse prêmio à ele concedido pelos Senhores Vereadores desta Casa e, em especial à Vereadora Letícia Arruda pela iniciativa de lhe prestar esta homenagem, convidando a todos os presentes para, após a cerimônia, participarem de um coquetel no restaurante da Casa. Às dezenove horas e vinte e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu à presença de todos e declarou encerrados os trabalhos. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e secretariados pela Vereadora Letícia Arruda como secretária “ad hoc”. Do que eu, Letícia Arruda, secretária “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
ERRATA
ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA EM 06.08.1996.
O horário de
encerramento da Sessão deve ser alterado de “dezenove horas e vinte e cinco
minutos” para “vinte horas e quinze minutos”.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Damos por aberta a 17ª
Sessão Solene, que tem por finalidade a outorga do Título Honorífico de Cidadão
de Porto Alegre ao artista plástico Jader Osório Siqueira.
Convidamos o
nosso homenageado para integrar a Mesa dos trabalhos, bem como a Sra. Antonieta
Barone, Presidente do Centro Franco-Brasileiro, Aliança Francesa.
Convidamos
todos para que, em pé, ouçamos a execução do Hino Nacional Brasileiro.
(É executado o
Hino Nacional.)
Srs. Vereadores, na condição de Presidente desta Casa, gostaríamos de fazer uma saudação especial ao nosso artista plástico Jader Osório Siqueira que, por uma iniciativa da Verª. Letícia Arruda, recebe, no dia de hoje, neste início de noite, em Sessão Solene, a outorga do Título de Cidadão de Porto Alegre. De fato, Jader Osório Siqueira já é cidadão de Porto Alegre, desde os anos da década de 1960, quando se radicou na Cidade de Porto Alegre e, vindo da culta Pelotas, continuou o desenvolvimento da sua atividade de artista. Evidentemente, o Jader, nessa sua atuação, sempre manteve as suas raízes com a sua cidade natal. Tanto é verdade que, à tarde, me anunciava que teríamos um coquetel, brindado com os doces de Pelotas, o que me alegrou. Da sua trajetória artística, tenho certeza de que a Verª. Letícia Arruda fará as referências. Só gostaríamos de fazer aqui uma referência especial, até porque esta Casa pretende, juntamente com o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, promover um amplo movimento de adoção daquela instituição por que Jader tem um carinho todo especial. Nada melhor do que, no dia em que a Cidade de Porto Alegre, através da sua representação política, realiza esta Sessão Solene de outorga do título de direito de Cidadão de Porto Alegre, a Câmara Municipal convocar a direção do Museu de Arte do Rio Grande do Sul para uma ação conjunta de reerguimento, de apoio a essa instituição e à cultura. Não existe um estímulo maior do que um apoio desta Casa, com seus 223 anos como instituição, em promover uma campanha de um museu que precisa do maior apoio para o seu reerguimento. Nós sabemos das dificuldades orçamentárias que o setor de cultura tem neste País. Temos aqui conosco, integrando a Mesa, a Secretária de Cultura da Cidade que, num esforço inaudito, tenta suplantar as dificuldades orçamentárias inerentes à cultura em nosso País. Então, a partir deste dia, queremos partir para uma campanha de reerguimento daquela instituição com apoio dos artistas plásticos, “marchands”, das pessoas ligadas à cultura, da sociedade civil, do empresariado rio-grandense, sindicatos, jornais e trabalhadores.
Neste momento,
quando passo a palavra à oradora proponente da homenagem a Jader Siqueira,
aproveito o ensejo para, mais uma vez, cumprimentar a Verª Letícia Arruda, que
teve a iniciativa de promover, de ser autora deste Projeto de Lei, uma vez que
o título de cidadania é uma lei municipal, com aprovação da Casa Legislativa,
e, posteriormente, submetida à sanção do Prefeito Municipal. Aqui passou a
proposição com a unanimidade dos Vereadores com assento nesta Casa e,
posteriormente, mereceu a sanção do Sr.
Prefeito Municipal. Esta é uma noite importante, um dia importante para a nossa
Cidade, porque a homenagem a Jader Siqueira representa também uma homenagem à
cultura e às artes plásticas. Neste momento eu passo a palavra à Verª Letícia
Arruda, que representa a totalidade dos Partidos com assento nesta Casa.
A SRA. LETÍCIA ARRUDA: (Saúda os componentes da
Mesa.) Senhoras e Senhores.(Lê.)
“É na arte que
o homem se ultrapassa definitivamente.”
Jader Osório de
Siqueira, artista, professor, ao longo dos anos vem conquistando o respeito, a
admiração não só pelo talento e a diversificação de suas obras, mas, também,
por ter contribuído com as artes plásticas do Rio Grande do Sul e pela
destacada atuação na reorganização das instituições culturais do Estado e da
própria sociedade.
Radicado em
Porto Alegre há 33 anos, Jader Siqueira foi diretor do Museu de Arte do Rio
Grande do Sul, registrando, ainda, em seu currículo, a Vice-Presidência da
Associação de Artistas Plásticos Francisco Lisboa, entre outros cargos de igual
importância.
Na época, além
de ter contribuído para a reativação desta Associação ao lado de sua colega
Zorávia Bettiol, também representou a categoria no importante movimento Gaúcho
da Cultura, desencadeado na década de 80. Na verdade, foi o seu pedido de
demissão da direção do Museu de Arte que impulsionou o movimento que
gradativamente vinha se desenvolvendo em nosso Estado.
Naquele
período, a intelectualidade gaúcha estava descontente com o tratamento dado às
áreas culturais do Rio Grande do Sul, que eram vistas com indiferença pelos
órgãos oficiais, os quais cultivavam mais o regionalismo. Neste clima, foi
cancelada, pelo então Secretário de Cultura, uma importante exposição de nível nacional, composta, inclusive, por
um artista plástico gaúcho, o falecido Glauco Pinto de Moraes, a qual estava
programada para o Museu de Arte.
Assim, sob o
frágil argumento do uso de publicidade, o Secretário cancelou a Mostra
‘Destaques Hilton da Pintura’. Na verdade, o motivo do cancelamento da exposição
foi bem outro: politicagem, em razão de uma outra secretaria ter solicitado o
espaço do Museu para a realização de outra exposição. Em vista disso, Jader de
Siqueira pediu demissão do cargo de Diretor do Museu. Seu gesto corajoso foi
aplaudido pela categoria e demais intelectuais da Cidade e de outros Estados.
Inclusive, Jader recebeu incontáveis fonogramas de artistas plástico e críticos
das artes principais capitais do Brasil.
Em apoio à
atitude de Jader Siqueira, os renomados artistas plásticos gaúchos Vasco Prado,
Vera Chaves Barcellos e Maria Tomazelli Cirne Lima cancelaram suas exposições
programadas para o Museu e nenhum artista de renome aceitou ocupar o cargo do
ex-Diretor. Imediatamente ao episódio, a intelectualidade gaúcha se reuniu na
Assembléia Legislativa do Estado e deflagrou o Movimento Gaúcho em Defesa da
Cultura. O movimento provocou uma profunda reflexão sobre todos os setores culturais do Rio Grande do Sul, que
protestaram contra sua marginalização. E proporcionou intervenções organizadas
nas instituições pré-estabelecidas de todas as áreas culturais, visando à
superação dos problemas na sua globalidade.
Participando,
assim, de movimentos importantes na área cultural, Jader Siqueira sempre se
salientou como diretor do Museu de Arte inovou. Entre outras propostas,
realizou uma exposição de esculturas na praça em frente ao prédio, que
pretendia ser permanente. Como artista plástico, logo procurou libertar-se do
convencionalismo acadêmico.
Assim, encontrou na cerâmica, que estudou com Luiza Prado e Pierre Provot, um primeiro caminho para manifestar seu expressionismo. Realiza, então, uma pesquisa de técnicas e materiais que lhe possibilita a produção de painéis com variações de texturas e cores. Após, dedica-se ao geometrismo, e, logo a seguir, busca definições de volumes na pintura, abrindo caminho para a escultura com realizações inovadoras.
Diante do
exposto, desnecessário seria afirmar que Jader Siqueira, filho de Pelotas, por
seu espírito de luta e pela sua atividade orientada à busca de valores comuns
entre os vários segmentos da sociedade, merece este prêmio como homenagem do
povo de Porto Alegre. Com sua sensibilidade tem contribuído em todas as faixas
de produção artística e cultural de nossa cidade, reiventando o mundo com sua
arte e tornando-o mais belo e mais humano. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar a manifestação
recebida por esta Casa da Cidade de Pelotas, que é a seguinte. (Lê.)
“Na pessoa de seu Prefeito, Dr. Irajá Andara Rodrigues, Pelotas sente-se honrada com a justa e merecida outorga concedida ao insigne conterrâneo e vem demonstrar o quanto o dileto filho desta terra tem elevado o nome de Pelotas através de seus atributos pessoais na área da cultura contemporânea e aliados aos dotes elevados de homem probo e estimado. Parabéns!” Assina Irajá Andara Rodrigues.
Registramos
também o recebimento da manifestação do Vice Prefeito Michel Halal: “Receba
nossas felicitações pela homenagem que a Cidade de Porto Alegre lhe confere na
Sessão Solene de hoje à noite. Todos nós, pelotenses de nascimento e de
coração, sentimo-nos muito honrados ao constatarmos que trajetórias
significativas em prol da cultura ainda recebem o devido reconhecimento. Ao
Senhor, aos seus familiares e ao Legislativo Porto-alegrense, os nossos
Parabéns!” Assina Dr. Michel Halal.
Como podemos
observar, as raízes de Pelotas estão bem presentes com as manifestações do
Prefeito, do Vice-Prefeito e de muitos pelotenses, aqui, a quem eu refiro na
pessoa do Jornalista Roberto Gigante, que se encontra presente. Entre outras
pessoas, gostaríamos de fazer o
registro da presença dos promotores de cultura, o Sr. Renato Rosa; o Sr.
Adalberto Pernambuco, representante do Conselho Estadual de Umbanda e Cultos
Afro-Brasileiros; Sra. Beth Magalhães, representante do Lar Santo Antônio dos
Excepcionais. Queremos registrar, também, com satisfação, a presença dos
familiares do homenageado, Jader Osório Siqueira, suas irmãs, Seid Osório
Siqueira, Sohá Osório Siqueira, seu cunhado Hugo Teixeira Pino e esposa, seus
sobrinhos, que honram esta Casa com as suas presenças.
Nós gostaríamos
de convidar a Verª. Letícia Arruda para que fizesse a entrega do diploma, que
corresponde à outorga da cidadania porto-alegrense ao nosso homenageado.
Igualmente,
convidaríamos a Sra. Secretária de Cultura Margarete Moraes para fazer a
entrega da Medalha alusiva à comemoração.
(Procede-se à entrega do diploma e da medalha ao homenageado.) (Palmas.)
Com a palavra,
o homenageado, Sr. Jader Siqueira.
O SR. JADER SIQUEIRA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) (Lê.)
“Não pretendo
fazer discurso, pois expresso-me melhor através da arte. Desejo apenas traçar
um breve comentário sobre a função social da arte, que não é necessariamente
direta e não precisa abordar problemas para se tornar socialmente válida.
Além da
criatividade em si, o difícil é estabelecer critérios que possam servir de
medidas para o mensuramento da qualidade. O problema vai além do ‘gostar ou
não’. Envolve princípios e estruturas que quase sempre estão fora do alcance do
grande grupo. Daí as divergências de opiniões nas apreciações.
Ao artista não
cabe somente a função de historiador; lhe toca igualmente adquirir maiores
expressões, desenvolvendo novos conceitos e
novas formas plásticas.
A contribuição
básica do artista consiste em ser mais sensível do que a maior parte das
pessoas. Na condição em que é mais receptivo às transformações e ao clima
emocional da época, assume o compromisso de reagir a este mundo e reinventá-lo,
tornando-o mais belo, mais humano, mais sensível em maior ou menor grau às
demais criaturas.
O homem deve ir
além das preocupações básicas comuns a todos os seres humanos. Ele tem a tarefa
da elevação pessoal, da participação comunitária.
O artista
precisa se ultrapassar, trabalhando para permitir que todos os homens do mundo tenham acesso a esse grau
superior, seja de forma social ou espiritual. Essa é uma das muitas tarefas do
artista plástico.
A arte caminha
para uma libertação total. Esta liberdade total implica na necessidade de
aceitação sem preconceitos.
Agradeço esse
prêmio que me foi concedido por iniciativa da Verª. Letícia Arruda e aprovado
pelos demais Vereadores desta Casa.”
Convido a todos
para, após a cerimônia, passarem a uma das salas do restaurante da Câmara para
participarmos juntos de um coquetel.
Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos a presente Sessão,
queremos, mais uma vez, agradecer a todos os que honraram este evento com a sua
presença, que serve de balizamento de uma Casa que é e pretende ser um espaço
de cultura. Aqui mesmo, temos uma avenida cultural e um acervo de obras de arte
que honram a nossa Cidade e a cultura de Porto Alegre.
Por todos esses
motivos, hoje a Cidade sente-se orgulhosa em participar desse ato de outorga
desse Título de Cidadão de Porto Alegre. É uma festa de todos nós, dos teus
amigos e familiares, que se orgulham dessa tua cidadania legal e de direito
neste momento. Muito obrigado.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às
19h25min.)
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